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Graduação
03/11/2025 por Fernando Moura
Tempo de Leitura: 3 minutos
            
              
              
              
            
Quem nunca se pegou sorrindo ao ver um vídeo de um golden retriever “pianista” ou de um gato mal-humorado que virou celebridade na internet?
Os pets influencers são um fenômeno: acumulam milhões de seguidores, participam de campanhas publicitárias e têm festas de aniversário mais elaboradas que as de muitas crianças. Por trás dessa fachada fofa e divertida, no entanto, surge um debate fundamental para a Medicina Veterinária: até que ponto a “humanização” desses animais, impulsionada pelas redes sociais, afeta sua saúde e seu bem-estar?
Primeiro, é crucial diferenciar amor de humanização. Amar um pet como um membro da família, oferecendo carinho, conforto e os melhores cuidados  é algo positivo e fortalece o vínculo entre nós.
A humanização, por outro lado, é a tendência de atribuir características, necessidades e desejos exclusivamente humanos aos animais, ignorando sua biologia e comportamento naturais. É aí que o perigo se esconde.
Na prática clínica, vemos as consequências dessa humanização diariamente, muitas vezes potencializadas pela busca do clique perfeito. Vamos a alguns exemplos práticos:
A cena é clássica: um bolo confeitado, velinhas e o pet “assoprando” em sua festa.
O que parece um ato de carinho pode levar a um quadro grave de pancreatite, devido ao alto teor de gordura e açúcar.
A mesma lógica se aplica ao oferecer sobras do nosso jantar ou, em um extremo perigoso, impor dietas restritivas,como o veganismo, sem o acompanhamento estrito de um médico-veterinário nutrólogo.
Cães e gatos têm exigências nutricionais específicas que a nossa comida simplesmente não supre. Um prato “saudável” para nós pode ser tóxico para eles.
Vestir um cão com uma capa de chuva para um passeio rápido é funcional.
Manter um gato fantasiado de tubarão por horas para uma sessão de fotos, ignorando seus sinais de desconforto, não é.
Muitos animais toleram essas interações, mas isso não significa que gostem. Sinais sutis de estresse, como lamber os lábios, bocejar excessivamente, desviar o olhar (o famoso “olho de baleia”) ou se encolher, são frequentemente ignorados ou até interpretados como “fofura” pelos seguidores.
O estresse crônico pode levar a problemas comportamentais (agressividade, automutilação) e de saúde, como a cistite idiopática felina.
A tendência de tratar pets, principalmente os de pequeno porte, como bebês de colo tem levado a um problema crescente: a falta de exercício.
Cães que vivem em carrinhos de bebê ou bolsas perdem a oportunidade de explorar o ambiente com o olfato, sua principal forma de entender o mundo, de socializar e de gastar energia, resultando em obesidade, atrofia muscular e problemas comportamentais.
Da mesma forma, o uso de produtos humanos, como perfumes e esmaltes, pode causar graves reações alérgicas e intoxicações, já que a pele e o olfato dos animais são muito mais sensíveis que os nossos.
Nesse cenário, o médico-veterinário assume um papel fundamental que vai além de aplicar vacinas e tratar doenças.
Somos guardiões das necessidades reais do animal. Nosso trabalho é ajudar o responsável a canalizar todo o seu amor e dedicação em ações que, de fato, promovam o bem-estar daquele cão ou gato, respeitando sua natureza.
Orientamos sobre a dieta correta, ensinamos a ler a linguagem corporal do pet, indicamos o enriquecimento ambiental adequado e explicamos por que um passeio no chão, cheirando postes, é muito mais enriquecedor para um cão do que um passeio no carrinho.
O fenômeno dos pet influencers não é, por si só, negativo. Ele pode ser uma ferramenta poderosa para promover a adoção responsável e compartilhar informações corretas sobre cuidados.
O segredo, como em tudo na vida, é o equilíbrio. Amar é entender e respeitar as diferenças, não tentar transformar o outro em nós.
Que possamos usar as redes para celebrar nossos pets por aquilo que eles são: animais incríveis, com suas próprias necessidades e formas de ver o mundo.
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Analista de Marketing das redes e Blog UNISUAM. Jornalista e Pós-Graduado em Comunicação e Marketing em Mídia Digitais.
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